quarta-feira, 23 de abril de 2008

Elas chegaram lá

Finalmente!

Danica Patrick conseguiu sua primeira vitória na F-Indy neste final de semana, em Motegi, no Japão. Foi a primeira mulher a conquistar um triunfo em provas de monoposto em categorias "de elite" do automobilismo.

Espero que elas tragam algo de novo para a velocidade. Existem outros exemplos femininos no esporte, como a brasileira Bia Figueiredo. Elas precisam vingar no automobilismo. Até porque, homem sempre é machista no que diz respeito a carros.

Agora, os homens precisam rever alguns conceitos, porque elas chegaram para equilibrar o jogo, apesar de todas as dificuldades, preconceitos e uma certa desvantagem física.

Danica, que vinha conquistando resultados consistentes já há algum tempo, provou que tudo isso pode ser superado.


terça-feira, 22 de abril de 2008

Sobre a Isabella

Nada.

Não está na hora de prestarmos atenção nas coisas realmente importantes, mas que não pareçam tão chocantes? Parar de achar que a investigação é um grande Big Brother, onde todo mundo precisa de saber de qualquer detalhe, por mais irrelevante que ele seja? O trabalho da polícia, que é a única que pode elucidar o caso de verdade (não, a imprensa não tem condições disso) não foi --e está sendo-- prejudicado com a divulgacão de depoimentos e laudos da investigação?

As evidências estão aí, que deixem a polícia e a Justiça cuidarem do resto. Não há nada que ninguém possa fazer. Ninguém é perito para falar com propriedade sobre provas, locais de crime, exames. Falando nisso, o que eu tenho ouvido de bobagem sobre essas coisas, de gente que não faz nem idéia do que está falando... Gente que acredita ser perito por ter assistido a alguns capítulos de "C.S.I". Às vezes, nem isso.

E os vagabundos que acham que fazem alguma coisa na frente de delegacias e prédios da família Nardoni deveriam ajudar quem realmente necessita. Condenar dois suspeitos ainda não julgados não é do direito de nenhum deles.

Mas o que importa mesmo é aparecer na TV, no JN, no Brasil Urgente. Sendo promotor, policial, vagabundo, "especialista" ou jornalista. Tem espaço para todos no circo do caso Isabella. Até para os suspeitos.

E, no fim, não era nada. Era isso.

Pimenta e latrina

O Palmeiras confirmou seu favoritismo e eliminou o São Paulo do Campeonato Paulista. Infelizmente, e mais uma vez, o futebol é esquecido em lugar das polêmicas que o cercam.

A história da semifinal de anteontem será lembrada mesmo como o "clássico do gás de pimenta", mesmo que a polícia já tenha descartado que o gás tóxico espirrado no vestiário do São Paulo seja feito do condimento que me faz mal quando colocam nas comidas. De acordo com os homens da lei, o negócio era genérico, "da 25 de Março", como disseram.

Original ou genérico, o fato é que o gás foi um golpe sujo no futebol, seja quem tenha feito isso. Não acho que o São Paulo forjaria essa situação, prejudicando a preparação de seus atletas durante o intervalo de uma partida que estava em desvantagem só pra aumentar sua picuinha particular com a diretoria do Palmeiras. Também (quase) duvido que o Palmeiras, que queria de qualquer forma demonstrar o quanto o Parque Antarctica era propício para os jogos decisivos, tenha dado um tiro no pé para conseguir uma suposta vantagem no jogo contra o São Paulo.

Posto tudo isso, e ressaltando que a polícia não pode descartar nenhuma hipótese, de que vai haver investigação, tudo será apurado e blablabla, o que se tira do episódio é como as duas diretorias passaram dos limites em sua briga particular.

Primeiro, todo aquele lenga-lenga do meio da semana. Marco Aurélio Cunha de um lado, Toninho Cecílio do outro. Afinal, quem são esses caras mesmo? E o que fizeram no domingo? Não lembro de nenhum gol marcado por algum dos dois.

Muricy teve uma bela atitude na sexta-feira quando alertou que os dirigentes precisavam tomar cuidado em tratar aquilo como "guerra" e deveriam pensar nas conseqüências de suas declarações. Ainda mais em um ambiente tão cheio de animosidade como é o futebol. Sim, infelizmente é assim, enquanto os estádios estiverem lotados dos mesmos bandidos e covardes que infestam nossa sociedade.

O caso do gás precisa ser analisado com mais frieza pela diretoria do Palmeiras, que se diz atenta com o desfecho da história. Precisa ficar atenta mesmo, para saber como evitar que esse tipo de coisa aconteça novamente. Afinal, a FPF já deu a maior das colheres de chá ao marcar a segunda final contra a Ponte no Palestra, ignorando tudo que aconteceu e a agressão cometida em um palco supostamente cuidado pelo Palmeiras.

E é aí que morre tudo. A diretoria do Palmeiras precisa entender que tem responsabilidade sim no que aconteceu porque era a responsável pela segurança no estádio. Assim, é necessário um pedido formal de desculpas com o inimigo (não apenas rival, ou adversário: inimigo é o termo apropriado). Ao lado desse pedido, aí sim, as informações de que tudo será apurado, etc.

Em vez disso, o clube diz que o São Paulo armou um "factóide" (termo que foi usado pelos cartolas) e Vanderlei Luxemburgo insinua que foi o clube do Morumbi que armou tudo, sempre com o discurso polical de "não podemos descartar hipótese alguma".

As coisas realmente não estão certas. Essa "guerra" que São Paulo e Palmeiras criaram é culpa exclusiva dos clubes. A imprensa, por pior que seja (e às vezes é horrível mesmo), está apenas noticiando as bobagens. Mais ou menos como um esgoto. A fonte, ou melhor, a latrina, são os cartolas.

ET: Por algumas coisas que eu já vi, aposto que, ao fim das investigações, a polícia apenas concluirá por onde o gás foi soltado. E só. O responsável é praticamente impossível determinar.

A não ser que eles tenham em mãos alguma evidência extraordinária que ninguém saiba, vai ficar por isso mesmo. Se apontarem que o gás veio de algum tubo de ventilação cujo acesso seja da torcida, pronto, veio de lá, foi algum torcedor bandido, pronto. Se apontarem que veio de dentro do vestiário, vai ficar a tal "dúvida" de que foi o São Paulo. Mas provar isso? Provar que ninguém entrou lá a não ser integrantes do clube do Morumbi? Provar que o São Paulo teria cometido uma das maiores pilantragens da história, passível de grave punição? Precisariam de muitas provas.

Parece bem difícil. Ainda mais por não se tratar do caso Isabella Nardoni ou de algo realmente relevante para a segurança pública. É apenas e somente um jogo de futebol.

E a história do "clássico da pimenta" será sempre um mistério.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

News of the World

Até algum tempo atrás, o título "News of the World" me lembrava desse disco do Queen, lançado em 1977:


Um bom disco, que contém o quase-medley clássico "We Will Rock You/We Are the Champions". Tem boas músicas, mas para mim não chega nem perto dos antecessores "A Night At the Opera"(1975) e "A Day at the Races" (1976) ou dos sucessores "Jazz" (1978) e "The Game" (1980).

Na minha opinião, esses são os quatro melhores discos da banda, disparado, por serem extremamente consistentes. Daqueles de ouvir da primeira música à última, sem intervalos.

Não é o caso do "News of the World", mais irregular e cujas canções não têm o mesmo brilho das faixas presentes nesses quatro discos.

Hoje, infelizmente, "News of the World" significa isso:



E parece que esse tablóide, talvez o mais deplorável entre todos os semelhantes britânicos, possa ser o responsável por derrubar o presidente da FIA, Max Mosley, por sua orgia nazista e coisa e tal.

Em 3 de junho, os membros da FIA votarão pela permanência ou não de Mosley. Não se sabe o que vai acontecer, mas muitos entendem que, pelo fato de a votação ser secreta, o dirigente vai ter a cara livrada.

Eu não sei se isso vai acontecer. Acho que o sigilo da votação também pode ajudar a alguns membros votarem contra Mosley, por ele não saber a identidade desses votantes. Mas faz sentido que, com a votação secreta, o caso pode ser enterrado sem ninguém levar a culpa por ter absolvido o "comandante".

Respeito, no entanto, ele já não tem. E a pressão sob o dirigente cresce a cada dia. Hoje, a Justiça britânica liberou o "News of the World" a publicar o trecho do vídeo da orgia nazista de volta em seu site. Se você ainda não viu, entre lá e se divirta. Tem até coisa nova, aparentemente.

Acho que, com o tempo, e até para se preservar, nem Mosley agüentará essa pressão.

Ainda mais quando quatro montadoras envolvidas na F-1 (Honda, Toyota, BMW e Mercedes), que injetam uma grana absurda na categoria, também condenam sua brincadeira sadomasoquista.

É sempre bom saber...

...que você não é o único baixinho no mundo e que passa por situações como essa.


Ainda bem que o Raikkonen nem é tão alto assim.

Massa é o Brasil na F-1?

A vitória de Felipe Massa no GP do Bahrein gerou, acima de tudo, a reação do brasileiro na temporada 2008 da F-1. Uma postura madura após a corrida, de alguém que entendeu que precisava demonstrar força depois de um início tão ruim, foi tão benéfica quanto a vitória em si.

Massa não comemorou levantando os punhos, vibrando, pulando, apontando os dedos. Vibrou de forma contida. Sabe que está a nove pontos do líder, ninguém menos que seu parceiro Kimi Raikkonen. Um cara que, mesmo quando faz corridas apagadas como aconteceu neste domingo, consegue arrancar pontos importantes. Além disso, existem quatro pilotos classificados entre Massa e Raikkonen: a dupla da McLaren e a da BMW.

Tudo isso também demonstrou que Massa não é o piloto desastroso que se mostrou na Austrália e na Malásia. É rápido, principalmente nos treinos, mas ainda muito irregular nas corridas. É raro ele se comportar como aconteceu no domingo, quando, mesmo saindo em segundo, conseguiu largar bem e resistir à pressão de seu companheiro finlandês. Pode lutar pelo título, mas precisa usar a mesma arma de Raikkonen: regularidade. Precisa pontuar em mais corridas, e não ganhar uma e abandonar a outra. Para mim, o finlandês ainda é favorito, até por sua experiência.

Com toda a análise Massa-Bahrein encerrada, vamos ao mérito da questão (apontada no título). Felipe Massa é o Brasil na F-1? Extendo a mesma pergunta aos outros dois brasileiros na categoria, Rubens Barrichello em final de carreira e Nelsinho Piquet em começo.

A resposta é: o Brasil não está na F-1. Ela tem três pilotos brasileiros, e é isso, ponto final. Chega a ser irritante ouvir coisas do Galvão do tipo "agora quero ver aqueles que criticaram o MASSA!!!!". Ouvir o quê? Ouvir que ele cagou nas duas primeiras corridas e tá em sexto no campeonato por causa disso? Nada mudou com relação aos GPs da Austrália e Malásia. Os erros de Massa não foram apagados.

No final da corrida, com tudo o que foi dito anteriormente, Felipe mostrou ter consciência do mau momento que atravessou no início da temporada. E que precisa ser constante para entrar de verdade na briga pelo campeonato.

Não importa o que diga a televisão ou mesmo a rádio. Massa não está na F-1 para dar um título ao Brasil. Ele não deve isso ao país, que, aliás, não tem nenhuma categoria-base que preste para os seus pilotos. A F-Renault, por exemplo, foi extinta pela própria montadora francesa, e nada que chegue ao seu nível foi construído em substituição. Não existe interesse da CBA, infelizmente.

Teve um cara que assumiu sim o país na categoria, com sucesso. Ayrton Senna colocava o Brasil na F-1. Puxava a bandeira a cada vitória, dedicava todas as suas conquistas aos brasileiros, criava rixas contra a França do (agora) finado Balestre e de Prost. Alguns consideram isso a maior de todas as demagogias (além de oportunismo), outros consideram patriotismo. Se é certo ou errado, não importa. Senna se garantia no volante e também no jogo de cintura, conseguindo colocar grande parte dos brasileiros, em uma época totalmente diferente da atual, ao seu lado.

Não se pode cobrar isso de Massa ou Nelsinho. Nem de Barrichello, apesar de ele mesmo ter feito isso depois da morte de Senna. São todos bons pilotos. Massa pode até ser campeão nesse ano. Mas ainda está longe do nível de Raikkonen e mais ainda do de Fernando Alonso, que sofre nesta temporada na Renault. Sem contar a molecada que ataca a F-1, como Vettel, Kubica, Rosberg...

E ainda que fosse melhor que Schumacher, Senna, Clark, Prost e Piquet juntos, Felipe não teria a mínima obrigação de exaltar o próprio país a cada conquista.

Massa, mesmo que leve o título, não será Senna e nem o Brasil na F-1. Ainda bem, diga-se. Ele tem sua própria personalidade, com defeitos e qualidades.

Cabe aos brasileiros e aos locutores-torcedores (no plural mesmo) aceitarem ambos.

Posts semanais...

...parecem ser a solução para a falta de tempo.