segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Libertadores + desmanche = pressão

Há um mês e um dia, o Corinthians levantava a taça de campeão da Copa do Brasil em Porto Alegre. Neste domingo, um Corinthians completamente diferente empatou com o Avaí por 0 a 0 pela 16a. rodada do Brasileiro, no Pacaembu.

Não vou aqui repetir o que muitos cronistas, comentaristas e pessoas em geral alertam sobre o que o Corinthians pode se tornar após ter perdido três titulares (Cristian, André Santos e Douglas) e três reservas (Saci, Lulinha e Otacílio Neto). Irei me concentrar no que representa a disputa da Libertadores no ano do centenário corintiano.

Só uma coisa é pior do que o desempenho do Corinthians nesse torneio, que já foi vencido por São Paulo (três vezes), Santos, Grêmio e Cruzeiro (duas), e Flamengo, Vasco e Internacional (uma). O fato de clube, torcida e time não suportarem as quedas na competição.

A falta de conquistas na Libertadores é um trauma para qualquer corintiano, principalmente pelo estranho e inusitado fato que a equipe já foi campeã mundial sem nunca ter nem chegado a uma decisão em seu próprio continente -coisas da Fifa.

A torcida já se revoltou diversas vezes contra o time por conta de derrotas na Libertadores -os casos mais lembrados são recentes, em 2000 e 2006, anos em que a equipe quase foi agredida por torcedores depois de ser eliminada. Nessas ocasiões, e também em 2003, o time desabou no torneio seguinte, o Brasileiro.

Dessa maneira, esse desmanche pode ser sim um tiro no pé. Cristian, André Santos e Douglas, apesar dos altos e baixos desse último, eram essenciais no grupo e precisam de substitutos fortes. Edu, ídolo porém veterano, não é suficiente.

Antes das saídas confirmadas, especulava-se que Ronaldo só ficaria no Corinthians em 2010 se o time mantivesse a base, o que já não aconteceu. E se ele sair? Em quem a torcida depositará confiança e, por conseguinte, pressão? Nos bons coadjuvantes Alessandro, Elias e Jorge Henrique? Nos jovens Dentinho, Jucilei e Marcelinho? No Chicão, que é só zagueiro e não resolve na frente? No goleiro Felipe, cuja permanência ainda nem é 100%certa?

Um pouco em todo mundo, muito provavelmente. E é isso que assusta. Um possível fracasso na Libertadores no ano do centenário pode recolocar o Corinthians em uma gigantesca crise, com debandadas, discussões e problemas internos, como aconteceu nas eliminações mais recentes.

Por isso, é bom que Andrés Sanchez e diretoria tomem cuidado e percebam que esse jato imediato de dinheiro pode gerar um imenso problema daqui a um ano. E todo o bom trabalho iniciado em dezembro de 2007, diretamente do fundo do poço, com a contratação de Mano Menezes, pode ir por água abaixo no ano que vem.

Que não se iludam. O centenário é muito mais do que uma grande festa. É sim um ano de imensa responsabilidade. Precisa fazer mais do que o máximo para satisfazer a torcida.

Torcida essa que, por sua vez, precisa aprender a perder a Libertadores e também compreender que o torneio é superdifícil de conquistar. O Palmeiras, por exemplo, perdeu três finais e ganhou só uma. O São Paulo ganhou três e perdeu duas. O Grêmio venceu duas e perdeu outras duas. Não é fácil, realmente.

No sábado, o pior dirigente atualmente no Corinthians, o falastrão e cheio de pose diretor de futebol Mário Gobbi, foi agredido por torcedores. Isso já é resultado da pressão da Libertadores-2010. É melhor tomar cuidado e rezar para que haja um planejamento e uma boa possibilidade para a equipe de buscar o mais inédito dos títulos.

Se isso não acontecer, o centenário, teoricamente um ano de festa, pode se tornar um ano dos mais tristes na história corintiana, como têm sido as temporadas de derrota na Libertadores.