sábado, 9 de maio de 2009
Brawn GP
Nesse ano, vi uma F-1 da década de 1970, quando quem acertava a mão no carro e tinha o projetista/estrategista/chefe mais fera - o Ross Brawn de sua época - era quem ganhava as corridas.
Aliás, também está sendo boa essa volta às origens da categoria. Essa busca por equipes pequenas - a FIA quer um grid de 26 carros em 2010 - é uma salvação de um esporte que estava cada vez mais elitista e menos humano. Além dos cortes orçamentários, é claro.
Óbvio também que o cara que mais briga atualmente por isso - Max Mosley - é o grande culpado, ao lado de Bernie Ecclestone, pela categoria ter se tornado essa coisa arrogante dos tempos recentes. O Pandini, para mim, é quem mais falou com brilhantismo sobre o assunto.
(Aqui, na época da saída da Honda F-1, Pandini diz: "Hoje, o sr. Mosley posa como defensor das equipes independentes na F1. Hipócrita, para dizer o mínimo. Dez anos atrás, Mosley, Ecclestone et caterva decretaram que a F1 deveria ter no máximo 12 equipes. Imaginavam que as 11 existentes na época, mais a vaga restante, passariam a ter valor incalculável: em suas cabecinhas, todos os grandes fabricantes de automóveis dariam qualquer coisa para ingressar na F1. Quebraram a cara. A categoria nunca mais atingiu o tal número de 12 equipes - facilmente preenchido, e até superado, em anos anteriores.")
Mas está bom demais assistir à F-1. E eu, que apontei o Vettel como campeão de 2009 - principalmente por acreditar no talento dele em um ano com tantas mudanças técnicas, mas reconhecendo que era um grande chutão -, acho que vou acertar a aposta dessa vez.
Tá certo que eu apostei no Massa como vice-campeão, mas não dá para acertar todas...
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Um peso, duas medidas
Também não quero que este blog seja um “mais do mesmo”. Como eu o atualizo pouco, busco fazer com que cada texto aponte algo que ainda não tenha sido dito, na medida do possível.
Por isso, há alguns dias ensaio este post, lembrando a gravíssima acusação de que Robinho teria cometido abuso sexual contra uma menina na Inglaterra. O destaque, na Veja, foi esse (a matéria pode ser lida aqui):
Uma matéria longa, citando os “casos perdidos” do futebol como Adriano, Ronaldo, Robinho, Ronaldinho... colocando todos em uma mesma barca. A descrição sobre o caso apresenta assim o jogador:
“Depois que tira o uniforme, ele continua a se comportar como um adolescente sem freios. Essa face imatura de Robinho começou a ser revelada na última terça-feira, por uma acusação gravíssima: uma jovem inglesa de 18 anos diz ter sido agredida sexualmente por ele em uma boate de Leeds, cidade vizinha a Manchester, onde o jogador mora com a mulher e o filho. (..) Robinho decidiu se calar porque, de fato, trocou carícias íntimas com a moça durante uma noitada.”
Depois, a revista descreve sua apuração sobre o caso, conta tudo o que aconteceu, que o jogador bebeu dez garrafas de champanhe ao lado de alguns amigos e se atracou, de forma consensual, com a menina - que depois falou sobre dinheiro com ele, segundo a revista. A “Veja” também relata que a suposta vítima foi atrás de Robinho no fim da balada, e deixa claro que a acusação da moça não parece condizer com os relatos de testemunhas - ou seja, indicava ser uma grande mentira inventada para ganhar dinheiro.
Após praticamente isentar de culpa o jogador, a revista faz o seu juízo de valor. “Com o mundo aos seus pés, Robinho pôs em risco sua reputação na busca por alguns segundos de satisfação com uma desconhecida no banheiro de um inferninho inglês. Agora, corre para recuperar sua imagem.”
Que moral tem a “Veja”, ou qualquer um, de condenar os “segundos de satisfação com uma desconhecida”? Moral nenhuma. É moralista, isso sim. É apenas a vida pessoal dele. Noticiar é justo, já que o caso foi levado para a polícia e teve repercussão mundial, mas o que incomoda é essa mania de publicar uma "cartilha de boas maneiras" que deveria ser seguida por Robinho, pelo Brasil e pelo mundo inteiro.
Ao noticiar sua absolvição em sua edição do dia 15 de abril - Robinho nem acusado criminalmente foi, no fim das contas - publicou exatamente este texto, em "Datas", na seção "Panorama", com as devidas negritagens:
"Encerrada a investigação da polícia inglesa sobre o atacante Robinho por suposto abuso sexual. Ele foi inocentado das acusações e não será sequer indiciado. Robinho tornou-se alvo da polícia devido a denúncias feitas por uma jovem de 18 anos que ele conheceu durante uma noitada em um inferninho de Leeds, na Inglaterra, em janeiro. Com o assunto esclarecido, ele poderá voltar a se concentrar apenas no futebol."
Aproximadamente 19.000 caracteres foram utilizados na primeira matéria sobre o tema. Na segunda, exatos 412.
Cadê a entrevista com os psicólogos, os exemplos de casos parecidos (pessoas que acusam famosos de abusos em casos que não se confirmam), os desdobramentos, a tentativa de falar com o jogador sobre o caso? Não merecia nem uma pequena chamada na capa?
Faltou destaque, isso sim. Quando da acusação, capa. Quando da absolvição, notinha curta.
Robinho não tornou-se alvo da polícia. Foi alvo da "Veja" - e dos tabloides sensacionalistas britânicos que buscaram deixar o fim do caso "Robinho Rape Arrest" (conforme noticiou o "The Sun") bem escondidinho em suas páginas.
Hoje, no dia 4 de maio, ninguém mais lembra disso. Aposto que muitos ainda acham que Robinho está sendo investigado - e isso acontece, principalmente, por culpa dessa parte da imprensa.
E o estrago feito na imagem do jogador. Ah, esse é só um mero detalhe... afinal, ele é rico, esbanja dinheiro, tem carrões e desfruta de "segundos de satisfação", não é mesmo?