terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mala... de dinheiro!


Estamos em uma reta final de Campeonato Brasileiro. Fala-se sobre julgamentos estranhos no STJD. Decisões incoerentes da arbitragem. Supostas ajudas a São Paulo, Palmeiras, Flamengo e agregados.

O entorno do futebol é um saco. É um saco tão grande que mancha o esporte e o deixa ainda menos atraente, não bastasse o baixo nível técnico dos times que não conseguem segurar seus craques, apesar das melhoras de 2009, quando assistimos a Ronaldo, Adriano e Fred, além das boas fases de Diego Tardelli e Diego Souza, entre outros.

Mas não vou ser mais um que questionará o gol maluco que o juiz anulou e desanulou no Palmeiras x Sport. Nem ficar perguntando como que o Simon pode ir para sua terceira Copa fazendo cagada pós-cagada. Comentarei sim a mala preta do Barueri.

"Preta?", alguém há de perguntar. Sim, preta. O que diabos é a "mala branca"? Muitos, incluindo grande parte da imprensa, consideram que mala preta é o "incentivo financeiro (dinheiro) para um outro time perder um jogo" e a mala branca define o "incentivo financeiro (dinheiro) para um outro time ganhar um jogo". Mas... quem inventou essa convenção?

Meu ex-chefe de FOL, Eduardo Vieira da Costa, dizia e defende a tese de que a "mala branca" é uma invenção recente da imprensa apenas para diferenciar da "preta", que teria uma conotação negativa. Há alguns anos, tudo era "mala preta". Mas algum gênio redefiniu os termos e os jornalistas embarcaram em mais um desses jargões futebolísticos malucos.

Edu diz também que essa coisa de mala preta e branca pode até passar uma indesejada conotação racial, a qual não creio que tenha motivado a criação do termo. Mesmo assim, concordo que a mensagem possa ser entendida dessa forma pejorativa. Concordo 100% com o veto da "mala branca". O R7 (ainda bem) pensa a mesma coisa.

Isso tudo era um desespero para um ex-colega meu, de nome Leandro, também jornalista e que ficava louco com a FOL. Ele mandou uns 200 e-mails, em diferentes campeonatos, nos chamando de imbecis porque "confundíamos" as malas pretas e brancas, azuis e vermelhas, e coisas do tipo.

Tudo condenável

No fim das contas, tudo deveria ser chamado de "mala de dinheiro" mesmo. E é tudo condenável. Se uma é condenável esportivamente, a outra é condenável profissionalmente. Nenhum time deve receber dinheiro de outro time (seja dirigente, jogadores ou até mesmo torcedores) para se dedicar mais em determinada partida. Isso não tem o menor sentido. O salário acertado em contrato deve suprir isso. Nada mais.

Quer dizer que o Corinthians, por exemplo, precisa de dinheiro do São Paulo para tentar ganhar do Flamengo? Não basta um negócio chamado "dedicação à profissão"? Aliás, existe isso no futebol?

E essas relações libidinosas entre clubes precisam ser combatidas. Cada um que cuide do seu. E todos os jogos precisam ser disputados em iguais condições entre os adversários. O que significa, por exemplo, que o Flamengo não deveria poder proibir o Palmeiras de escalar o Obina em um confronto entre os dois. Se ele jogou contra todos os outros, tem que encarar o Mengão também. Condições iguais. Quem mandou emprestar?

Obina, um dos principais jogadores do Palmeiras atual, não jogou na partida entre os dois, válida pela 30a. rodada do Brasileirão, no Palestra. E o Mengão meteu 2 a 0. Se Obina tivesse jogado, quem sabe o Palmeiras não teria ganhado? Agora, seria o líder do Brasileiro, empatado com o São Paulo, e poderia ter tirado o Flamengo da briga.

Mas quem vai se preocupar com essas coisas pequenas, que envolvem palavras estranhas como "ética" e "moralmente condenável"? Melhor dizer que vai investigar e deixar tudo do jeito que está. Mudar para quê?

Não podemos esquecer que a prioridade do STJD é punir jogadores que já foram punidos em campo por suas infrações. E depois, é claro, "despuní-los", revertendo a suspensão para cestas básicas e papagaiadas do tipo. Além de tirar mandos de campo por motivos nebulosos.

É um saco mesmo. Que bom seria se o esporte fosse a manchete, e não o detalhe, do futebol...

3 comentários:

Toninho disse...

Tuvis, bela análise que você fez da mala de dinheiro. Parabéns. Sinceramente, eu nem sabia que a mala branca era uma "invenção", nunca tinha lido ou ouvido em qualquer lugar. E também concordo que tudo isso deixa o futebol bem chato. Há tempos parei de comentar sobre lances de arbitragem, que acho uma perda de tempo.

Anônimo disse...

concordo de cabo a rabo tirando as expressões "ética" e "moralmente condenável"...

porque isso não me importa muito, a não ser pelos meu parâmetros...

pelo dos clubes, jogadores e dirigentes eles nada mais estão do que seguindo a ética da profissão - vencer a qualquer custo

enfim, algum jornalista espanhol que não me lembro o nome disse após a Copa de 82 que a Itália tinha enterrado o futebol vencendo o Brasil

você acha que ele estava errado?

Adriele disse...

Podia ser até mala rosa-chiclete, o esmalte da moda, que o efeito seria o mesmo. Dinheiro muquiado é feio, independentemente da cor.