terça-feira, 22 de abril de 2008

Pimenta e latrina

O Palmeiras confirmou seu favoritismo e eliminou o São Paulo do Campeonato Paulista. Infelizmente, e mais uma vez, o futebol é esquecido em lugar das polêmicas que o cercam.

A história da semifinal de anteontem será lembrada mesmo como o "clássico do gás de pimenta", mesmo que a polícia já tenha descartado que o gás tóxico espirrado no vestiário do São Paulo seja feito do condimento que me faz mal quando colocam nas comidas. De acordo com os homens da lei, o negócio era genérico, "da 25 de Março", como disseram.

Original ou genérico, o fato é que o gás foi um golpe sujo no futebol, seja quem tenha feito isso. Não acho que o São Paulo forjaria essa situação, prejudicando a preparação de seus atletas durante o intervalo de uma partida que estava em desvantagem só pra aumentar sua picuinha particular com a diretoria do Palmeiras. Também (quase) duvido que o Palmeiras, que queria de qualquer forma demonstrar o quanto o Parque Antarctica era propício para os jogos decisivos, tenha dado um tiro no pé para conseguir uma suposta vantagem no jogo contra o São Paulo.

Posto tudo isso, e ressaltando que a polícia não pode descartar nenhuma hipótese, de que vai haver investigação, tudo será apurado e blablabla, o que se tira do episódio é como as duas diretorias passaram dos limites em sua briga particular.

Primeiro, todo aquele lenga-lenga do meio da semana. Marco Aurélio Cunha de um lado, Toninho Cecílio do outro. Afinal, quem são esses caras mesmo? E o que fizeram no domingo? Não lembro de nenhum gol marcado por algum dos dois.

Muricy teve uma bela atitude na sexta-feira quando alertou que os dirigentes precisavam tomar cuidado em tratar aquilo como "guerra" e deveriam pensar nas conseqüências de suas declarações. Ainda mais em um ambiente tão cheio de animosidade como é o futebol. Sim, infelizmente é assim, enquanto os estádios estiverem lotados dos mesmos bandidos e covardes que infestam nossa sociedade.

O caso do gás precisa ser analisado com mais frieza pela diretoria do Palmeiras, que se diz atenta com o desfecho da história. Precisa ficar atenta mesmo, para saber como evitar que esse tipo de coisa aconteça novamente. Afinal, a FPF já deu a maior das colheres de chá ao marcar a segunda final contra a Ponte no Palestra, ignorando tudo que aconteceu e a agressão cometida em um palco supostamente cuidado pelo Palmeiras.

E é aí que morre tudo. A diretoria do Palmeiras precisa entender que tem responsabilidade sim no que aconteceu porque era a responsável pela segurança no estádio. Assim, é necessário um pedido formal de desculpas com o inimigo (não apenas rival, ou adversário: inimigo é o termo apropriado). Ao lado desse pedido, aí sim, as informações de que tudo será apurado, etc.

Em vez disso, o clube diz que o São Paulo armou um "factóide" (termo que foi usado pelos cartolas) e Vanderlei Luxemburgo insinua que foi o clube do Morumbi que armou tudo, sempre com o discurso polical de "não podemos descartar hipótese alguma".

As coisas realmente não estão certas. Essa "guerra" que São Paulo e Palmeiras criaram é culpa exclusiva dos clubes. A imprensa, por pior que seja (e às vezes é horrível mesmo), está apenas noticiando as bobagens. Mais ou menos como um esgoto. A fonte, ou melhor, a latrina, são os cartolas.

ET: Por algumas coisas que eu já vi, aposto que, ao fim das investigações, a polícia apenas concluirá por onde o gás foi soltado. E só. O responsável é praticamente impossível determinar.

A não ser que eles tenham em mãos alguma evidência extraordinária que ninguém saiba, vai ficar por isso mesmo. Se apontarem que o gás veio de algum tubo de ventilação cujo acesso seja da torcida, pronto, veio de lá, foi algum torcedor bandido, pronto. Se apontarem que veio de dentro do vestiário, vai ficar a tal "dúvida" de que foi o São Paulo. Mas provar isso? Provar que ninguém entrou lá a não ser integrantes do clube do Morumbi? Provar que o São Paulo teria cometido uma das maiores pilantragens da história, passível de grave punição? Precisariam de muitas provas.

Parece bem difícil. Ainda mais por não se tratar do caso Isabella Nardoni ou de algo realmente relevante para a segurança pública. É apenas e somente um jogo de futebol.

E a história do "clássico da pimenta" será sempre um mistério.

2 comentários:

Timoneiro de Papel disse...

Fui eu! Eu assumo!
Comprei na 25 na mão de um chinês emo conhecido com "I", ele vendia também café gelado em lata fora da validade!

Anônimo disse...

"- Cê viu Tuvuca? O São Paulo não pode descer pro vestiário no intervalo por que tava cheio de gas de pimenta.

- Que? Repete.

- O São Paulo não pode descer pro vestiário no intervalo por que tava cheio de gas de pimenta.

- Nossa! Você ouviu David? O São Paulo não pode descer pro vestiário no intervalo por que tava cheio de gas de pimenta.

- Não pode oq?

- O São Paulo não pode descer pro vestiário no intervalo por que tava cheio de gas de pimenta.

- Como assim velho?

- Como assim o que? (diz Eric)

- O São Paulo não pode descer pro vestiário no intervalo por que tava cheio de gas de pimenta."

E assim foi ahhaha