segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um peso, duas medidas

Eu não sou dos jornalistas que ataca abertamente a "Veja" pelo antijornalismo muitas vezes produzido pela revista. Creio que muitos falam com mais embasamento e propriedade do que eu. E não costumo criticar os veículos de imprensa porque acho que todos podem tirar suas conclusões sobre cada um.

Também não quero que este blog seja um “mais do mesmo”. Como eu o atualizo pouco, busco fazer com que cada texto aponte algo que ainda não tenha sido dito, na medida do possível.

Por isso, há alguns dias ensaio este post, lembrando a gravíssima acusação de que Robinho teria cometido abuso sexual contra uma menina na Inglaterra. O destaque, na Veja, foi esse (a matéria pode ser lida aqui):



Uma matéria longa, citando os “casos perdidos” do futebol como Adriano, Ronaldo, Robinho, Ronaldinho... colocando todos em uma mesma barca. A descrição sobre o caso apresenta assim o jogador:

“Depois que tira o uniforme, ele continua a se comportar como um adolescente sem freios. Essa face imatura de Robinho começou a ser revelada na última terça-feira, por uma acusação gravíssima: uma jovem inglesa de 18 anos diz ter sido agredida sexualmente por ele em uma boate de Leeds, cidade vizinha a Manchester, onde o jogador mora com a mulher e o filho. (..) Robinho decidiu se calar porque, de fato, trocou carícias íntimas com a moça durante uma noitada.”

Depois, a revista descreve sua apuração sobre o caso, conta tudo o que aconteceu, que o jogador bebeu dez garrafas de champanhe ao lado de alguns amigos e se atracou, de forma consensual, com a menina - que depois falou sobre dinheiro com ele, segundo a revista. A “Veja” também relata que a suposta vítima foi atrás de Robinho no fim da balada, e deixa claro que a acusação da moça não parece condizer com os relatos de testemunhas - ou seja, indicava ser uma grande mentira inventada para ganhar dinheiro.

Após praticamente isentar de culpa o jogador, a revista faz o seu juízo de valor. “Com o mundo aos seus pés, Robinho pôs em risco sua reputação na busca por alguns segundos de satisfação com uma desconhecida no banheiro de um inferninho inglês. Agora, corre para recuperar sua imagem.”

Que moral tem a “Veja”, ou qualquer um, de condenar os “segundos de satisfação com uma desconhecida”? Moral nenhuma. É moralista, isso sim. É apenas a vida pessoal dele. Noticiar é justo, já que o caso foi levado para a polícia e teve repercussão mundial, mas o que incomoda é essa mania de publicar uma "cartilha de boas maneiras" que deveria ser seguida por Robinho, pelo Brasil e pelo mundo inteiro.

Ao noticiar sua absolvição em sua edição do dia 15 de abril - Robinho nem acusado criminalmente foi, no fim das contas - publicou exatamente este texto, em "Datas", na seção "Panorama", com as devidas negritagens:

"Encerrada a investigação da polícia inglesa sobre o atacante Robinho por suposto abuso sexual. Ele foi inocentado das acusações e não será sequer indiciado. Robinho tornou-se alvo da polícia devido a denúncias feitas por uma jovem de 18 anos que ele conheceu durante uma noitada em um inferninho de Leeds, na Inglaterra, em janeiro. Com o assunto esclarecido, ele poderá voltar a se concentrar apenas no futebol."

Aproximadamente 19.000 caracteres foram utilizados na primeira matéria sobre o tema. Na segunda, exatos 412.

Cadê a entrevista com os psicólogos, os exemplos de casos parecidos (pessoas que acusam famosos de abusos em casos que não se confirmam), os desdobramentos, a tentativa de falar com o jogador sobre o caso? Não merecia nem uma pequena chamada na capa?

Faltou destaque, isso sim. Quando da acusação, capa. Quando da absolvição, notinha curta.

Robinho não tornou-se alvo da polícia. Foi alvo da "Veja" - e dos tabloides sensacionalistas britânicos que buscaram deixar o fim do caso "Robinho Rape Arrest" (conforme noticiou o "The Sun") bem escondidinho em suas páginas.

Hoje, no dia 4 de maio, ninguém mais lembra disso. Aposto que muitos ainda acham que Robinho está sendo investigado - e isso acontece, principalmente, por culpa dessa parte da imprensa.

E o estrago feito na imagem do jogador. Ah, esse é só um mero detalhe... afinal, ele é rico, esbanja dinheiro, tem carrões e desfruta de "segundos de satisfação", não é mesmo?

Um comentário:

Daniel Barros disse...

Ridículo tanto barulho por nada.
Ele é só mais um. E isso tudo se deve a tentativa incansável do brasileiro, quiçá do mundo, em achar um novo pelé. Atenção demais por um nadica de nada.

Não me interessa a vida pessoa dele. QUe aliás, já ganhava milhões aqui, mas não era o bastante, os milhões em Euro são mais bem vindos, claro.

Ok. Qual o Próximo?
Pato? Neimar? Kaká?

Estranho né? Romário fazia muito mais barulho e foi coroado. Assim como Renato Gaúcho, Zico, Sócrates, Garrincha...por aí vai.