terça-feira, 20 de maio de 2008

Whitesnake em SP

Hoje os posts estão bombando, então vamos embalar. Agora, publico o review sobre o show do Whitesnake, no Credicard Hall, no dia 10 de maio.

Uma sexta-feira típica, de muito trânsito na capital paulista. Parece que bateu o recorde de trânsito de todos os tempos em São Paulo. Mas esses recordes caem toda hora. Aliás, essa marca a megalópole vem batendo com louvor, dia após dia.

Voltando ao show, seria o meu segundo do Whitesnake. O primeiro foi em 2005, quando a banda abriu para o Judas Priest. Com um set curto, acabou sendo apenas um aperitivo para a apresentação completa deste ano.

Lembro que eu tinha 13 anos quando eles vieram em 1997, queria ir no show, mas era moleque demais e acabei perdendo. Conhecia pouca coisa da banda, os hits básicos, mas tinha vontade de saber mais.

Para mim, o David Coverdale é a segunda melhor voz entre os cantores de hard rock clássico. Só perde para o Dio. E o cara mostrou a que veio no Credicard Hall, como escrevi no review para a FOL, que segue abaixo.

PS: De novo, quem me ajudou no show foi o Marcos Borges, tirador de fotos.

David Coverdale traz Whitesnake e anos 80 de volta no Credicard Hall

MARCELO FREIRE
Colaboração para a Folha Online

A história de David Coverdale, 56, no rock 'n' roll começou no Deep Purple, na década de 1970. O inglês entrou na famosa banda de hard rock britânico para substituir Ian Gillan, em 1973, gravou três discos de estúdio, mas o grupo encerrou as atividades em 1976 --voltando oito anos depois, sem Coverdale. Levado ao sucesso com a banda, já consagrada, Coverdale gravou dois discos solos antes de montar o Whitesnake, em 1978.

Com a sua própria banda, Coverdale pôde criar um som característico e centrado em sua voz. Após os primeiros álbuns, mais voltados ao blues rock, Coverdale abraçou o hard rock norte-americano e o Whitesnake estourou para o sucesso, principalmente com os discos "Slide it In" (1984) e "Whitesnake" (1987). Em 1985, a banda se apresentou no primeiro Rock in Rio, aumentando sua popularidade no Brasil.

Após dois grandes hiatos, entre 1990 e 1997 e depois entre 1998 e 2003, Coverdale resolveu remontar o seu grupo de hard rock com a dupla de guitarristas Reb Beach (ex-Dokken e Winger) e Doug Aldrich (ex-Dio) para buscar o som consagrado nos anos 80. O primeiro disco de estúdio com a nova formação foi "Good to be Bad", lançado neste ano.

Neste contexto, a banda voltou ao Brasil para algumas apresentações pelo país, e o show em São Paulo era um dos mais esperados. Em sua última turnê por aqui, em 2005, o grupo teve de tocar por pouco mais de uma hora no Anhembi, já que se apresentaria ao lado do grupo de heavy metal Judas Priest, liderado por Rob Halford. Em 2008, a chance era de trazer um set list mais longo e um show com músicas inéditas.

Às 22h30, Coverdale aparece com uma camisa branca e sua vasta cabeleira loira, fazendo sua típica pergunta "vocês estão prontos?", deixando os fãs na expectativa para a música de abertura, "Best Years", do último disco. A nova canção agita o público, mas talvez uma música antiga levantasse os fãs de forma mais contundente no começo da apresentação.

Coverdale, o "Mr. Love", manda beijos, se agarra à caixa de som, roda o pedestal do microfone e bate no peito, mostrando que seu carisma não foi embora com o passar dos anos. "Fool for your Loving", música de 1980 e regravada pela própria banda em 1989, chama mais a atenção do que a primeira, até por ser um dos clássicos da banda.

E a nova formação do Whitesnake mostra coesão, com a dupla de guitarristas conectada a Timothy Drury (teclados), Uriah Duffy (baixo) e Chris Frazier (bateria). Já o veterano vocalista encara bem a pesada "Bad Boys", rasgando um pouco mais a voz do que em tempos anteriores.

Entre as novas "Can You Hear the Wind Blow" e "Lay Down Your Love", o sexteto manda uma de suas faixas mais conhecidas: "Love Ain't No Stranger", de 1984, cantada por todos. Antes dela, Coverdale realiza um belo gesto ao homenageá-la a "um grande amigo", Mel Galley, ex-guitarrista da banda e que sofre de um câncer terminal, revelado recentemente pelo próprio Galley. Em seguida, a balada e conhecidíssima "Is this Love" faz sucesso e é muito aplaudida, principalmente pelo público feminino.

O público variado, de diversas faixas etárias, foi uma das características do show da banda, que atinge vários tipos de fãs de rock. Que, na pista, são prejudicados por um som embolado na frente do palco, que melhora quando se procura o fundo da platéia.
Os fãs também surpreendem e demonstram conhecer o set list inteiro do concerto, incluindo as canções do novo disco e outras não tão famosas. As músicas novas, inclusive, soam melhores e mais pesadas ao vivo do que em estúdio, o que ajuda na aceitação daqueles que não as conhecem. Os refrões, pegajosos como sempre, também contribuem.

A pausa para Coverdale começa com o duelo dos guitarristas Reb Beach e Doug Aldrich, começando na "fritação", com solos rápidos e cheios de notas, e chegando ao blues cadenciado. "Crying in the Rain" é executada depois e inclui um solo de bateria, não muito longo, de Chris Frazier.

Enquanto o vocalista rasga mais a sua voz e agüenta bem os agudos das músicas mais antigas, os outros membros da banda colaboram com backing vocals afinados e potentes, fazendo a parte de Coverdale quando este resolve se poupar. É de praxe, também, o cantor deixar o público entonar os refrões mais conhecidos.

Uma das primeiras surpresas é a versão acústica da pop "The Deeper the Love", que se torna mais serena e menos grudenta do que a original, com Coverdale na voz e Aldrich no violão. Enquanto o show se encaminha ao final, o Whitesnake emenda os sucessos "Give me All your Love Tonight" e "Here I Go Again", antes de trazer de volta "Ain't no Love in the Heart of the City", blues regravado pelo Whitesnake ainda no início da banda.

Depois, a maior surpresa: Coverdale começa a cantar os primeiros versos de "Guilty of Love", grande sucesso da banda no Brasil (dos tempos de Rock in Rio) e que não estava programada no set list. Depois da introdução do vocalista, a banda resolve tocá-la praticamente inteira.

O cantor volta a se destacar em outra música pesada, "Still of the Night", não se esquivando dos agudos apesar de a sua voz ter mudado muito nos últimos 20 anos. Depois, Coverdale canta um trecho de "Soldier of Fortune", que abre espaço para "Burn", maior sucesso do Deep Purple com o atual vocalista do Whitesnake, que ainda emenda um trecho de "Stormbringer", fechando a apresentação da banda no Credicard Hall com uma "tríade" Deep Purple.

O final da apresentação mostra que o Whitesnake cumpriu o seu papel em um Credicard Hall lotado: trouxe de volta os anos 80, resvalando na nostalgia do Rock in Rio, mostrou seu trabalho novo e encarou os sucessos antigos com competência.

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