segunda-feira, 16 de junho de 2008

Amargo regresso


Tudo bem que o Corinthians voltou para a Série B e as coisas logo voltaram ao normal. Uma goleada por 4 a 1 sobre o Brasiliense depois da chorada perda do título da Copa do Brasil. Mas não perdi o trocadilho com o famoso filme de 1978, estrelado por Jon Voight e dirigido por Hal Ashby.

O Corinthians fez tudo certo no torneio nacional. Jogou com garra, coesão e até mesmo técnica. Tudo até os 90 minutos finais. Veio o brancão, uma seqüência de erros e um vice-campeonato mais do que justo.

Não há desculpa para a derrota acachapante. Simplesmente não houve futebol para o Corinthians. A equipe entrou confiando na marcação, que não tomaria um gol do Sport. Quando sofreu o primeiro, e logo depois o segundo, todo mundo tremeu. E a Ilha do Retiro falou alto. Os jogadores do Corinthians, "acostumados" a lidar com a segunda maior torcida do Brasil, sucumbiu à pressão dos torcedores do Sport. Do time do Sport. De tudo.

O Sport, aliás, apenas jogou futebol. O resto é desculpa. Os caras foram lá e provaram o que diziam, e o maior símbolo do time foi Carlinhos Bala. Ele sempre acreditou no título, mais até do que os jogadores do Corinthians, que havia vencido o primeiro jogo por convincentes 3 a 1.

Há de se lamentar também a falha do Felipe no segundo gol. Mais lamentável ainda foi a atitude dos que resolveram culpar o goleiro pelo time não ter jogado nada. Esqueceram que, na semifinal, quando o time também não rendeu o esperado no segundo jogo com o Botafogo, Felipe defendeu o último pênalti dos cariocas e deu ao Corinthians a vaga na decisão. O mais fácil, no entanto, é achar um único culpado para as coisas.

Outro suposto culpado foi o árbitro Alício Pena Júnior. Desse, não tenho muito o que falar, simplesmente porque, na minha visão, ele não influenciou no resultado. O tal pênalti no Acosta foi apenas duvidoso, e quando é duvidoso não dá para discutir com o cara que tem que decidir um lance desses em uma fração de segundo (clichezão esse...). A expulsão do Saci só dá para culpar o próprio pela cagada. E também Carlinhos Bala, pela catimba ter dado certo...

Por fim, a culpa é de todo mundo que jogou e tremeu quando precisava apenas fazer um gol. Aquele time que enchia os olhos não teve frieza o suficiente para se levantar. E, por último, Mano Menezes, que colocou a equipe para apenas se defender confiante de que a defesa daria conta do recado. Talvez se entrasse pressionando o Sport, como ele disse, antes do jogo, que iria fazer...

E que as desculpas fiquem para trás e que o elenco, que é bom, se reerga para a disputa da segunda divisão.

Guerra, guerra, guerra

Ouvi tanto falar em "guerra" para essa partida. No fim, não deu em nada. Mas ficou a lição de que essa rixa entre estados foi patética.

Parece que Pernambuco, em um aspecto geral, tomou a vitória do Sport como sua. Como um triunfo de Pernambuco sobre São Paulo. Não foi nada disso. O título é apenas do Sport. Não que os pernambucanos não devam comemorar o êxito da equipe de seu estado, apenas que não transformem isso em uma vitória sobre os paulistas. Paulistas esses que, em sua maioria, riram da cara de sofrimento dos corintianos e da apatia do time do Parque São Jorge.

Não é guerra de estados, nem do Nordeste contra o Sudeste. É apenas um jogo de futebol.

Infelizmente, sei que baianos, pernambucanos e paraibanos que moram por aqui sofrem muitas vezes com um preconceito cego e histórico sobre suas origens. Infelizmente também, não vai ser uma vitória do Sport que mudará isso, muito menos quando se refere a mentes ignorantes, responsáveis por esse preconceito.

Ingressos

A palhaçada dos ingressos vendidos no Recife, até por um dirigente do Sport, que fazia cambismo, precisa ser investigada pela CBF. Aquilo foi o cúmulo do desrespeito com os torcedores.

Primeiro, essa história de que o time visitante tem direito a 10% da cota total de ingressos de uma partida, que está no famigerado Estatuto do Torcedor, precisa ser esclarecida. Se a polícia vetar, por causa de problemas com a lotação dos setores dos estádios, o que fazer? A CBF e o STJD, do promotor-celebridade Paulo Schmitt, poderiam muito bem explicar direito como o time mandante deve agir, quais procedimentos tomar, etc...

O que aconteceu na Ilha do Retiro foi escancarado, mas não um caso isolado. Por estas bandas, o Corinthians também passou por um episódio mal-explicado com o Botafogo, na semifinal. Por isso que quem manda no futebol do Brasil precisa se meter nessa história e impedir esse tipo de atitude, seja em Pernambuco, São Paulo ou onde for. Quando as coisas são padronizadas, tudo fica mais fácil.

Por fim, os corintianos que foram a Recife sem ingresso não podem reclamar de muita coisa. Mesmo que o Sport garantisse os tais 10% da cota para o Corinthians, quem iria garantir que todo mundo conseguiria sua entrada?

É, são muitas coisas que precisam ser estudadas por aqueles que se dizem especialistas no assunto, mas que não tomam as atitudes devidas quando a bomba estoura.

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