terça-feira, 10 de junho de 2008

Tuvucanadá: Montréal

Neste último final de semana, tivemos o GP do Canadá de F-1, disputado no circuito Gilles Villeneuve, em Montréal. Cidade que eu fiz questão de visitar, obviamente, em minha jornada franco-canadense.

Fiquei por seis dias em Montréal, que é um belíssimo lugar. Cosmopolita, mas que guarda o charme da velha cidade fundada pelos franceses no século XVI. Duzentos anos depois, foi tomada pelos britânicos, mantendo as raízes gaulesas, assim como Québec City. A veia separatista, no entanto, não me pareceu tão forte em Montréal como acontece na capital da província de Québec.

O post não será longo como os outros textos canadenses, apenas quero descrever minhas impressões sobre o circuito, que fica na Ile de Notre Dame, uma ilha artificial criada com pedras retiradas das escavações para a construção do metrô (o charmoso "Metró" de Montréal). Ela foi elaborada para a Expo 67, feira mundial de exposições realizada na cidade em 1967, um evento marcado pela consolidação da identidade dos "Quebécois" e que contou com a presença de diversos personagens importantes, como o presidente dos EUA na época, Lyndon Johnson, a rainha Elizabeth II, e Charles de Gaulle, presidente francês (autor da famosa frase "Vive le Québec libre" durante um discurso no evento, o que causou um incidente diplomático com o Canadá e incendiou os separatistas franco-canadenses).



O que tenho a dizer é que a pista, que se esfarelou e causou inúmeros problemas aos pilotos neste final de semana da F-1, é maravilhosa. E, como fica em um parque, é aberta a qualquer um que queira visitá-la. Não tive problemas para entrar e tirar as fotos, inclusive do famoso Muro dos Campeões, junto à reta dos boxes, no qual todo piloto de verdade (Michael Schumacher, Jacques Villeneuve, Damon Hill, Mika Hakkinen, Jenson Button, Juan Pablo Montoya, entre muitos outros) já bateu pelo menos uma vez na carreira. A marca do muro está lá, eterna.

Andei quilômetros pela pista, vazia. Não há muito o que dizer, estava tudo desmontado. Deu para admirar toda a "natureza artificial", maravilhosa, e que traz uma ótima sensação de tranqüilidade, quebrada pela corrida da F-1 uma vez por ano. Tem também o belo Cassino du Montréal, onde os bem-bonados gastam toda sua grana.


Fico triste com a possibilidade de cancelamento do GP de Montréal, considerando todos os problemas do circuito. Além da pista esfarelada, as áreas de escape sempre foram pequenas (e sem muita possibilidade de expansão), mas acho que a organização do autódromo deve se preocupar mais com sua preservação, pois é um local histórico e maravilhoso. Merece a F-1, por tudo que representa.

É uma pista rápida, com um belo cenário e histórico para a categoria. Marcou a primeira vitória do nativo Gilles Villeneuve na F-1, em 1978, no debút das etapas em Montréal. Para mim, Villeneuve é o maior piloto da F-1 que nunca ganhou um título (até porque morreu em 1982, com apenas 32 anos, antes de concretizar seu sonho). Foi um showman da categoria, sempre pilotando com a faca nos dentes, e recebeu uma bela homenagem no circuito.

No domingo, Robert Kubica levantou a taça de vencedor na F-1 pela primeira vez. Também foi a primeira vitória da história da Polônia, assim como Montréal inaugurou os triunfos do Canadá na categoria com a vitória de Gilles em 1978. A pista ainda celebrou as primeiras vitórias na F-1 de Lewis Hamilton, no ano passado, e de Thierry Boutsen, em 1989. Em 1995, Montréal foi palco do único triunfo de Jean Alesi na F-1, em uma corrida na qual Rubens Barrichello chegou, pela primeira vez na carreira, em segundo lugar. Em 1991, o circuito viu Nelson Piquet levar sua última das 23 vitórias na categoria em seu ano de despedida, pela Benetton, após Nigel Mansell (de Williams) perder a liderança na volta derradeira por causa de um(a) problema elétrico no carro/cagada sua (nunca foi totalmente esclarecido).

A F-1 não pode perder Montréal, e a recíproca é verdadeira. Depois de conhecer o autódromo, meu sonho agora é assistir ao GP do Canadá das arquibancadas do circuito Gilles Villeneuve.

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