quinta-feira, 19 de junho de 2008

Há 30 anos: Uma explosão Heavy Rock (2)

Como já escrevi no post inicial sobre a tal explosão heavy rock, 1978 foi um ano confuso e de transição para o rock 'n' roll. E uma das coisas mais curiosas é que muitas bandas hard rock resolveriam partir para o pop no início da década de 1980, mas outras investiram cada vez mais no peso.

Isso aconteceu com o Judas Priest, a quem considero o primeiro grupo que buscou o heavy metal. O heavy metal que digo é aquele que conhecemos hoje, caracterizado pelo som pesado, rápido (às vezes nem tanto), "cavalgado" e geralmente acompanhado de um visual agressivo dos membros da banda - assunto que teve forte colaboração do Judas, que imortalizou o couro e o transformou em um item quase obrigatório no guarda-roupa metaleiro.

Na verdade, penso que o Black Sabbath é o maior pioneiro heavy metal, mas o próprio Ozzy discorda desse termo. Para ele, o Sabbath é uma banda de heavy rock. Mesmo criando a base sonora (e também visual) do estilo, o Sabbath mostrou sempre deixou claro suas origens e influências, que vinham até do blues. O Judas Priest, apesar de seu primeiro álbum, já "nasceu" heavy metal. O Sabbath mostrou o caminho que deveria ser seguido, e o Judas foi lá e seguiu.

Agora vamos para o álbum que, para mim, mudou a história da banda. E, para mim, é o melhor dentre os que eu classifiquei na "explosão heavy rock".

Judas Priest - Stained Class - 10/2/78

1. "Exciter" – 5:34
2. "White Heat, Red Hot" (Tipton) – 4:20
3. "Better By You, Better Than Me" (Gary Wright) – 3:24
4. "Stained Class" – 5:19
5. "Invader" (Halford, Tipton, Ian Hill) – 4:12
6. "Saints in Hell" (Halford, K.K. Downing, Tipton) – 5:30
7. "Savage" (Halford, Downing) – 3:27
8. "Beyond the Realms of Death" (Halford, Les Binks) – 6:53
9. "Heroes End" (Tipton) – 5:01

Produzido por Dennis Mackay

"Stained Class" foi o primeiro tiro certo do Judas no heavy metal. Após um primeiro disco confuso, sem direção e mal produzido ("Rocka Rolla", de 1974), os caras começaram a achar o caminho com "Sad Wings of Destiny" (1976), também porcamente produzido mas coeso e com os clássicos "Victim of Changes", "The Ripper", "Genocide" e "Tyrant". "Sin After Sin" (1977), com produção de Roger Glover (baixista do Deep Purple), trouxe mais peso em praticamente todas as faixas.

Mas a abertura de "Stained Class" já demonstra como o grupo acertou a mão neste álbum. "Exciter", com dois bumbos, velocidade, agudos de Rob Halford, letras agressivas, duelos e solos de guitarra e ótimas viradas de bateria, graças a Les Binks, que estreou no banquinho naquele disco e deu saudades quando saiu, em 1980, para dar lugar ao famigerado Dave Holland.

"White Heat, Red Hot" e o cover "Better By You, Better Than Me" são ótimas canções, com bons refrões, e que mantém a evolução do álbum. Já a faixa-título é outro grande destaque pela base "cavalgada", os vocais sobe-e-desce de Halford e novamente pelo trabalho das guitarras.

"Invader" e "Savage" são os tradicionais "fillers", para segurar a barra no disco. A faixa final "Heroes End" traz o Judas de volta ao início da carreira, mais hard rock e com um estilo levemente exótico, até na performance única de Halford.

O destaque final é "Beyond the Realms of Death", penúltima canção, que não é uma das minhas favoritas mas inegavelmente impera como um dos maiores clássicos do grupo. É o mais próximo que "Stained Class" chega de uma balada, algo até raro na carreira inteira do Judas, que sempre se meteu a compor canções lentas, cuja qualidade varia. É sem dúvida uma letra interessante, um pouco sabbathiana, cujo tema é suicídio.

O desempenho de Halford novamente chama a atenção pela emoção com a qual o vocalista carrega a música, interpretando o enredo da canção. A ponte entre o trecho lento e o rápido também convence, e quem dá show mesmo é Glenn Tipton. Na minha opinião, Tipton sempre teve mais apelo melódico (e talento) nos solos do que o parceiro KK Downing, mas isso fica escancarado no melhor momento de "Beyond the Realms of Death", que é justamente o solo emocionante de Tipton, um de seus preferidos. Muita gente diz que "Beyond the Realms of Death" é a "Stairway to Heaven" do Judas. Como as duas são clássicos de suas respectivas bandas, variam entre guitarras pesadas e acústicas e com excelentes solos, acho que essas pessoas têm razão. Aliás, "Stairway to Heaven" nunca foi uma de minhas favoritas do Led Zeppelin...

"Stained Class" mostrou ao mundo que o Judas Priest falava sério, apesar da postura exótica e agressiva do grupo. Soube incorporar um pouco do visual punk no heavy metal, fundamental para estabelecer o estilo "maltrapilho". Além das excelentes músicas, o disco mostrou uma consistência inédita para a banda, importantíssima para que o Judas Priest definisse sua identidade e, seguindo os passos do Black Sabbath, criasse os alicerces do heavy metal.

"Stained Class" também ficou à frente de discos semelhantes da época por conta de seu foco direcionado à elaboração das canções pesadas, e influenciou praticamente todas as bandas de heavy metal que apareceram nos anos seguintes. O fato de ter conseguido relativo sucesso também mostrou o estilo como viável e deu confiança à banda para continuar com sua identidade e investindo nas composições diferentes.

2 comentários:

Camila Alam disse...

Tuvuca!
adorei o blog! vou adicionar seu link na minha lista, blz?

passa por lá qquer hora!
bjos!

regina claudia brandão disse...

... infelizmente. essa coisa de meus ídolos estão morrendo é muito ruim. foi bom ter encontrado esse seu texto, pois, eu queria postar alguma coisa, ontem só o meu pozinho chegou em casa de noite e, hj cedo, tava na correria de manhã. vc me salvou. meus posts eu demoro. adoro fazer um texto bem legal, não ia dar tempo e o seu é o que eu diria.
tb não vou deixar de voltar aqui. jamais!!!

bj.