domingo, 6 de janeiro de 2008

Tuvucanadá - Rush, Parte 5 (o show)

O review já está publicado em alguns posts abaixo. Agora, falarei um pouco sobre como foi assistir ao trio canadense em sua hometown, do ponto de vista pessoal.

Estava eu no Days Inn Hotel, na Carlton Street, para pegar o ônibus com o pessoal e rumar ao Air Canada Centre. Era um ônibus escolar, cuja foto está logo abaixo. Uma mendiga (sim, existem muitos mendigos em Toronto - e a vasta maioria deles são brancos, o que me chamou a atenção, já que a população negra e latina na cidade é muito grande) fez graça comigo: "cool, a schoolbus!", porque eu estava me impressionando com um simples ônibus escolar. Aqui, os veículos escolares não são caracterizados assim, expliquei bufando.



No caminho, sentei do lado de um homem de uns 45 anos, norte-americano de um estado que eu não lembro, mas que era daqueles que tinha visto o Rush pela primeira vez na época do A Farewell to Kings (1977). Ele ainda soltou: "eu não sei quantos shows eu assisti, mas acho que esse deve ser o 40 e poucos; porém, esse é o primeiro deles que eu vou ver em Toronto, na casa da banda". O sentimento era parecido com o meu; a diferença é que seria apenas meu segundo show.

Chegando ao local, coloquei uma bandeira brasileira (que era do Lloyd, meu homestay canadense) enrolada nas costas. Nunca fui desse tipo de 'patriota', de querer comemorar o fato de ser brasileiro. Muitos faziam isso na escola onde estudei em Toronto: iam todo dia com a camisa do Brasil, tocavam samba alto, falavam português o tempo inteiro... demonstrando um orgulho e patriotismo forçado. A minha saudade de casa eu guardei para mim, já que não estava no Canadá para divulgar meu país.

De qualquer maneira, como eu disse, quis enrolar a bandeira nas costas. Como o Rush (e o Rock 'n' Roll em geral) é importante demais para mim, esse foi o jeito que eu encontrei de demonstrar que o Brasil estava também representado naquele evento. Era apenas um símbolo para mim. Afinal, o Brasil é um dos países mais Rock 'n' Roll do mundo.

Quando desci do ônibus, o Sam Dunn - aquele do documentário sobre os fãs de metal e que já tinha me entrevistado para o documentário sobre os fãs do Rush - estava fazendo umas imagens para esse mesmo filme, que deve sair em 2009. Naquele momento, um cara que estava na Rushcon ficou fascinado com o fato de eu ter vindo do Brasil e me deu um cd com o áudio do show da banda em Tampa Bay, em junho de 2007. Quando eu estava agradecendo a boa e incógnita alma, Sam pediu para o câmera dar um close na bandeira - e em mim. Confesso que bateu uma vergonha. Mas me comuniquei com a câmera, já que não havia muito o que fazer.

Rumei para a fila, que era grande, porém organizada. Entrei com uma máquina fotográfica escondida (o que foi extremamente desnecessário, já que a revista foi zero), dei umas voltas para ver o merchan da banda e as barracas de hot-dog. Nossa senhora, quanta besteira que vendia naquele ginásio. Pipocas e refrigerantes gigantes compunham o cenário do público.

Quando cheguei no meu lugar, já comecei a me arrepender de não ter comprado o ingresso mais caro, na pista. Era longe demais do palco, mas pelo menos eu conseguia ver o telão. Não foi o que aconteceu três semanas depois, quando fui assistir ao Van Halen no mesmo local. Mas essa história fica mais para frente. Por ora, fica a imagem da distância entre Tuvuca e seus ídolos Lee, Lifeson e Peart.



Fui um dos primeiros a entrar, então é lógico que quando eu sentei no meu devido lugar marcado, o ACC ainda estava vazio. Faltando meia hora, lotou tudo. Fiquei surpreso, porque achei que sobraria lugar. Mas o público de aproximadamente 30 mil pessoas era praticamente sold-out. Tentei pregar a bandeira na grade em frente à arquibancada. Não me deixaram, como já imaginei que aconteceria. "You can't do this kind of stuff here", disse a moça para mim, em um misto de educação e surpresa pela minha atitude.

Quanto a esse negócio de lugar marcado, confesso que não tenho opinião formada sobre tal assunto. Nossa cultura é muito diferente. Um dia, pensarei melhor e tentarei chegar a alguma conclusão. Vi da arquibancada aquela pista com o pessoal todo em pé, mas parado, organizadinho, respeitando o lugar do próximo. É realmente muito estranho.

O show começou com Limelight, todo mundo levantou, cumprimentou a banda e sentou calmamente para ver os caras. Foi muito engraçado. Mas a galera gritou bastante quando Geddy disse que Toronto era como um "big club" para o Rush. "That`s our hometown", ele completou. A foto abaixo, que mostra um pouquinho do público, foi tirada durante a execução de Dreamline.


Quanto às musicas em si, deixo o review supramencionado e suprapublicado para quem quiser maiores detalhes. Só digo que eu me policiei para não ler o set-list antes do show e não estragar as surpresas. Lembrava que eles estavam ensaiando Entre Nous para a tour, mas fiquei emocionado quando eles tocaram essa pérola do Permanent Waves, que começou a ser executada ao vivo justamente na turnê do Snakes And Arrows. Antes disso, apenas na gravação do PW, em 1979.

As que mais me surpreenderam foram Circumstances, A Passage to Bangkoc (adoro esse som) e Witch Hunt. Em The Spirit of Radio, admito que fiquei muito emocionado. Gosto de acreditar na liberdade da música, como diz a letra. Para mim, The Spirit of Radio (e não "The Spirit of the Radio", como alguns profanizam) é a melhor faixa que os caras já compuseram. Mescla a virtualidade com o pop, o rock com o reggae, o complicado com o pegajoso. A energia que sua letra passa é magistral, na melhor das canções que falam sobre música. Um ótimo e esquecido tema, na minha opinião.

No intervalo, fui dar uma volta e encontrei um outro brasileiro, de Natal, que estava em Toronto estudando e trabalhando. Conversei com o cara, que não era muito fã da banda mas estava adorando o show. Era realmente impossível não se impressionar com eles. Eu virei fanático pelos três justamente depois do show de SP, em 2002.

Depois desse concerto, o fanatismo só aumentou. E só tende a aumentar. Se os caras vierem mesmo neste ano para cá, estarei nas primeiras fileiras. Podem apostar.

Assim, fica o registro desta histórica data de 22 de setembro de 2007. Na minha memória, um dos maiores shows de todos os tempos.

Veja aqui as outras cinco partes da jornada:

Tuvucanadá - Rush, Parte Final

Tuvucanadá - Rush, Parte 4

Tuvucanadá - Rush, Parte 3

Tuvucanadá - Rush, Parte 2

Tuvucanadá - Rush, Parte 1 (review)

Um comentário:

Adriele disse...

Sempre disse que nada melhor do que escrever para expressar algum sentimento ou contar uma história. Bem bacana

=)