segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O doping é a palavra da vez

Logicamente que eu estou muito atrasado sobre o assunto, mas não foi possível postar nestes últimos dias, que foram uma correria danada. E o que eu vou dizer também não é novo, todas as feras por aí já disseram.

Mais chocante do que a denúncia de Renato Russo à repórter Erika Akai, de que alguns pilotos se drogam antes de algumas corridas da Stock, em brilhante matéria do Estadão (a pauta foi perfeita), foi a postura de Paulo Scaglione, presidente da CBA, de que não lê a revista Playboy.

Explico: Cacá Bueno deu uma entrevista à Playboy no ano passado falando (de acordo com reprodução do Grande Prêmio) "se houvesse exame antidoping na Stock Car, muito piloto deixaria de correr". É uma acusação tão séria quanto a de Russo. O Cacá até dá uma amenizada depois, dizendo que nunca viu nada e nem tem como provar. Mas deixa claro sua desconfiança.

Perguntado sobre o assunto pelo Lance!, Scaglione respondeu que não lê a Playboy. Caro mandatário, ninguém está interessado em seus interesses literários, e sim na coerência de suas decisões. Russo foi levado ao STJD por suas declarações, Bueno não. Gosto, às vezes, da sinceridade do Cacá. Mas porque ele pode falar e o Renato não? Só para lembrar que o Russo tem 40 anos e corre há uma eternidade no automobilismo nacional.

Tem que levar ambos a sério e investigar. É assim que se resolve as coisas. Não mandando calar a boca. Aliás, nesse país, ultimamente, estão mandando todo mundo calar a boca sobre tudo. Tudo é tendencioso. Ou você é petista ou anti-Lula. "Crente" ou anti-evangélico.

Parece que não existe mais isenção em nada. É um complexo de inferioridade do brasileiro, de que nada presta no país.

Algumas coisas prestam. E outras precisam ser analisadas. Igual ao médico da CBF que foi demitido por levantar a hipótese de que o Ronaldo poderia ter sido tratado com anabolizantes por médicos holandeses. Afinal, opinião de cano é ralo. Mesmo de um profissional supostamente muito bem conceituado, já que foi contratado pela CBF. Quando ele falou o que achava, seu conceito caiu "repentinamente".

Voltando ao assunto, o lance do doping precisava ser investigado, mas provavelmente não será. Espero que pelo menos o exame antidoping na Stock saia do papel. Em nome da segurança. Segurança essa que, por inúmeros fatores, não conseguiu evitar esse acidente.


Para que as mortes possam ser evitadas em um esporte tão perigoso como automobilismo, é melhor que tentemos evoluir em todas as questões relacionadas à segurança, não apenas aquelas que nos interessam.

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