quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Saudoso Peverett, Grande Foghat

Fui apresentado ao Foghat em 1998, mais ou menos, por um amigo mais velho que conhecia várias bandas americanas de hard rock dos anos 1970 e me mostrou essa. Primeira música que eu ouvi? O hit "Slow Ride", claro.

Dedico esse post, na verdade, ao vocalista e guitarrista do Foghat, "Lonesome" Dave Peverett, que morreu há exatamente oito anos, vítima de câncer, com 57 anos. Algum tempo antes, ele tinha remontado a banda com sua formação clássica e, mesmo doente, continuou a tocar pelos palcos da América do Norte até quando a doença permitiu. Aparentemente, seu último show com a banda foi em 16 de outubro de 1999, em Las Vegas, quatro meses antes de morrer. Já estava bem magro e com aparência de doente, mas não abandonou o rock 'n' roll.

Apesar do som norte-americano, o Foghat é, na verdade, britânico. Surgiu das raízes de uma banda inglesa chamada Savoy Brown, que mesclava blues e rock 'n' roll, da qual saíram Peverett, o baixista Tony Stevens e o baterista Roger Earl, fundadores do Foghat. Chamaram mais um guitarrista (que mandava muito bem na slide guitar), Rod Price, e se mandaram para os EUA.

O cover de "I Just Want to Make Love to You" foi o primeiro hit dos caras, fazendo parte do disco de estréia, auto-intitulado, de 1972. Os próximos discos, Foghat (Rock and Roll) (1973), Energized (1974) e Rock and Roll Outlaws (1974) pavimentaram o sucesso para vôos maiores em 1975, com o classicaço Fool for the City.

Desse disco, veio o maior hit do Foghat, "Slow Ride", e mais outras grandes músicas, como a faixa-título e o cover de "My Babe". Nessa época, Tony Stevens já havia deixado o grupo e o produtor Nick Jameson tocou baixo em Fool for the City; no disco seguinte, Night Shift (1976), a vaga já estava preenchida por Craig McGregor, que ficaria por um tempão na banda.

O segundo disco clássico da banda foi Foghat Live (1977), um daqueles ao vivo cheios de energia, pesados e inspirados que a década de 1970 produziu (Kiss Alive!, de 1975, é um destes exemplos). Com apenas seis músicas, o disco reforçou o Foghat como uma das maiores bandas norte-americanas na época (mesmo sendo britânica). Ao que parece, também ficaram conhecidos no Brasil; hoje em dia, no entanto, são poucas pessoas que conhecem os caras. Com a dedicação da Kiss FM em São Paulo, já ouvi Foghat mais de uma vez na rádio. E Slow Ride vem recebendo o reconhecimento que merece. Nos EUA, por exemplo, ela já tocou até em um episódio de Seinfeld! E está na trilha sonora de diversos filmes, como o grande Jovens, Loucos e Rebeldes, feito no início dos anos 1990 sobre os jovens da década de 1970. Um dia posto sobre esse filme, um dos meus favoritos.

Mas enfim, depois disso o grupo ainda lançou alguns discos bons (como Stone Blue, de 1978), passou pelas fatídicas mudanças de formação e caiu na mesmice dos anos 1980, quando todas essas grandes bandas de hard rock se perderam. Ficou meio oito ou oitenta: ou você seguia o caminho pesado do heavy metal (iniciado por Judas Priest, UFO e Scorpions) ou seguia o caminho "seguro" dos anos 1980, eletronizando e colocando teclados em tudo (o UFO, já citado como um dos pioneiros do heavy metal, foi nessa direção e acabou quebrando a cara).

O Foghat resolveu seguir como uma banda de blues rock, menos pesada e um pouco mais pop. Com o tempo, desapareceu, voltando na década de 1990 com sua formação original. E o homenageado "Lonesome" era uma das melhores coisas da banda com seu vocal alto e afinadíssimo, cujo timbre assemelhava-se ao de Mark Farner, do Grand Funk Railroad (aquele que canta "Feelin' Alright" e "The Loco-Motion", e não "We`re an American Band", vocalizada pelo baterista Don Brewer).

Eles também mostraram nos EUA que a música pesada era um ótimo caminho para as bandas iniciantes. Ao lado do Aerosmith, que também estava em seu início, pavimentaram o caminho para o Van Halen, por exemplo.

Aliás, esse hard blues rock pesadão nunca mais foi o mesmo quando chegou o ano de 1980. Alguns caras, como o Lenny Kravitz, tentaram resgatar isso, até com qualidade e sucesso. Mas a originalidade, criatividade e talento da turma de "Lonesome" Dave Peverett ainda merece destaque e reconhecimento maiores.

Eu já era um grande fã da banda quando Peverett morreu, em 2000. Já tinha até cd dos caras. Fiquei realmente triste, foi um dos primeiros caras do rock 'n' roll que morreram e me deixaram chateado. Naquela época, ouvia muito as bandas setentistas, até mais do que agora.

Mas o engraçado é que, por algum motivo, estou voltando a ouvir.

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