segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Um pouquinho de F-1

Para iniciar mais uma semana de atividade deste Blog do Tuvuca, comentarei um pouco sobre F-1, que deveria estar mais presente neste espaço, mas não havia muito o que falar até então.

Para começar, testes de início do ano.

A Ferrari e a Toyota treinaram na última semana em Bahrein. Os japoneses figuraram, enquanto Massa só superou Raikkonen hoje. O finlandês foi o mais rápido nos outros cinco dias. Na quarta passada, Kimi teve seu melhor desempenho: 1min30s455, tempo que ninguém superou no circuito de Sakhir.

Apesar dos testes não dizerem muita coisa, apontam que Massa foi constantemente mais lento do que Kimi em Sakhir. O título mundial no ano passado, mais do que surpreendente (e contra um carro melhor), parece ter motivado muito o finlandês. Felipe não será carta fora do baralho, mas seu início de temporada vai ser importantíssimo para ele demonstrar que pode andar no ritmo de seu companheiro. Não conseguiu na segunda metade da temporada 2007, quando Kimi se adaptou e deslanchou no campeonato.

Mas a briga entre os dois promete ser boa. São mais experientes do que a dupla Hamilton e Kovalainen, da McLaren, e isso pode ser fundamental. Lewis é rápido, como já provou. Agora precisa mostrar que consegue liderar a equipe sem Fernando Alonso, e terá que lidar com a pressão de obter grandes resultados, coisa que não acontecia no ano passado. Kovalainen precisará de um tempo para se adaptar, e continua uma incógnita, mesmo tendo demonstrado ser bom piloto após um início desastroso em 2007. Heikki pode vir a ser um campeão ou um eterno segundo piloto (como foi David Coulthard, por exemplo). O tempo irá dizer.

E Alonso... Fernandito, a criança preciosa... Tem que juntar os cacos na Renault para ver onde pode chegar. Imagino ele mais ou menos como Schumacher na Ferrari em 1996. Naquele ano, o alemão estreou em uma equipe italiana que buscava se reerguer após tantos insucessos (as 16 temporadas anteriores, para ser exato). No começo do ano, o carro não tinha nem o bico "tubarão", criado pelo John Barnard na Benetton e copiado por todo mundo nos anos subseqüentes. O primeiro carro "tubarão" da Ferrari veio ainda em 1996, mas parecia mais um caixote. Mesmo assim, Schumacher brilhava quando conseguia (como no GP da Espanha, onde chouveu horrores). Acho que Alonso vai brilhar quando o carro ou as condições metereológicas permitirem.

Por último, deixo Nelsinho. Espero que a imprensa brasileira tenha calma com ele. Não deve conseguir grandes corridas neste começo do ano. Nem superar Fernando Alonso. Ele não é Lewis Hamilton, e a Renault também não é a McLaren. Briatore vai fazer de tudo para dar o melhor ao espanhol. Piquet tem que lidar bem com isso, aprender com o bicampeão e comer pelas beiradas. Acredito que ele tenha essa consciência. Falta a nossa mídia esquecer o "estigma Rubens Barrichello" (onde um segundo piloto não tem mérito nenhum) e atuar com isenção com Nelsinho.

E o resto é resto. Torço pela Williams, que melhorou muito no ano passado após a desastrosa temporada de 2006 e fez grandes testes na pré-temporada (diferentemente do futebol, a F-1 realmente tem uma pré-temporada). Nico Rosberg, filho do Keke, vem se destacando cada vez mais, agora falta saber o que o novato Kazuki Nakajima, filho do Satoru, conseguirá. Espero que muito.

Já a BMW precisa dar uma alavancada em 2008, lutar por vitórias e chegar mais perto de Ferrari e McLaren. Mas acho que os caras vão acabar ficando atrás do Alonso e a dupla Nick Heidfeld (o imprevisível)/Robert Kubica (a promessa) deve brigar mesmo com os moleques da Williams.

Aliás, o troféu de "ultrapassados" do ano vai para a Red Bull, que manteve os enferrujados Mark Webber e David Coulthard enquanto que sua "filial" Toro Rosso trouxe Sebastian Vettel (que já tinha substituído o horrendo Scott Speed no ano passado) e o francês Sébastien Bourdais (tetracampeão da Champ Car em cinco temporadas que disputou). Esses caras vão fazer a velharada Coulthar/Webber comer poeira.

E o troféu de "ninguém sentirá sua falta" vai para Ralf Schumacher, o irmão que não deu certo.

Legal será no fim do ano, quando provavelmente 90% dessas previsões se mostrarão erradas. Afinal, este é o papel do jornalista esportivo: fazer previsões utilizando a lógica. Ao esporte, cabe mostrar que lógica só serve para vender jornais (ou blogs).

Racismo

A F-1 também teve de enfrentar seu primeiro caso de racismo, quando alguns torcedores espanhóis se pintaram de preto, colocaram umas perucas rídiculas e uma camiseta escrito "Hamilton's Family", no circuito de Montmeló, durante os treinos da F-1 em Barcelona.

Não se pode deixar esse tipo de gente adentrar autódromos. Deixaram, que não deixem mais.

E, se acontecer de novo na Espanha (onde é mais propício acontecer, não porque o país é mais racista do que os outros --coisa que a imprensa inglesa chegou a divulgar--, mas porque é lá que estão os fãs de Fernando Alonso, que odeiam Hamilton), que cancelem os GPs de Barcelona e Valência.

Aliás, os fãs espanhóis odeiam Hamilton ("carinho" retribuído pela torcida inglesa com relação a Fernando) também porque as mídias espanhola e britânica esqueceram, em 2007, de que eles devem noticiar a F-1, e não defender seus compatriotas para ver quem está mais errado.

No Canadá, conheci um espanhol, o Sergio, que tinha certeza que Fernando Alonso teria sido campeão se a McLaren tivesse permitido. O inglês John, que conheci em Montréal, disse que Lewis só havia perdido o título porque a Ferrari havia ganhado com "combustível ilegal". Esqueceram de falar que uma cagada semelhante da Elf em 1995 quase tirou a vitória de Schumacher (de Benetton) e o segundo lugar de Hill (na Williams) no GP do Brasil, mas o caso foi analisado e prevaleceu a razão (de que nenhuma das equipes tinha culpa da besteira da Elf).

É muita cara-de-pau. Não de Sergio e John, mas da imprensa de seus países, que colocou esse monte de minhoca distorcida na cabeça dos outros.

E cara-de-pau maior é a imprensa britânica (mais precisamente o The Independent) dizer que o país está décadas à frente da Espanha nas questões raciais. O Daily Telegraph seguiu linha semelhante, insinuando que as autoridades espanholas não educam seus torcedores porque consideram esse tipo de manifestação racista "aceitável".

Se for assim, o que foi o caso Jean Charles de Menezes? Um lapso? Os brasileiros que vivem lá, por exemplo, não são olhados, muitas vezes, como inferiores? É o que eu escuto, às vezes, de quem vive por lá.

Acontece em todo mundo, tablóides britânicos. Vocês não são melhores (e nem piores) do que a Espanha neste aspecto.

Que voltem a noticiar neste ano. Assim espero.

3 comentários:

Andy à toa! disse...

Sobre o Nelsinho: quero ver o que o Piquet Pai vai falar?
Acredito que o que ele falava do Rubinho ("tem que ir pra cima! Segundo piloto é só o segundo..") ele vai falar do filho.

Aguardando março!
Abs!

Marcelo Tuvuca disse...

Até pensei em citar isso no post, mas achei que me alongaria demais.

Questiono a mesma coisa, caro Andy. Essa pressão que eu falei, da mídia brasileira, pode vir também do Nelsão, que era um dos que tripudiavam o Barrichello por ser segundo piloto.

Mas sinceramente, acho que o Piquet pai vai dar uma acalmada, quando entender que o melhor para o Nelsinho é que o Nelsão não seja uma sombra.

Alessandra Alves disse...

tuvuca, seria a questão hamilton/alonso só mais um capítulo do interminável contencioso entre inglaterra e espanha?